
PRÉVIA: Entre as Pedras Fulgurantes
Data Galáctica Padrão: 152,183.02 AE
Haven 1: Palácio Eterno
Imperador Eterno Hashem
Você foi ungido como um querubim guardião,
Pois para isso eu o designei.
Você estava no monte santo de Deus;
E caminhava entre as pedras fulgurantes.
–Ezequiel 28:14
240 Anos Atrás….
HASHEM
O Imperador Eterno Hashem caminhava como se –ele- fosse o pai expectante enquanto a fêmea angélica de asas negras gritava.
“Ele tem o direito de saber!”
“Você deve manter a existência dessa criança em segredo.” Hashem relanceou nervosamente para o monitor de frequência cardíaca fetal.
“Isso não é um jogo de xadrez!” Asherah silvou. “Shemijaza é o meu marido!”
Por milênios, Hashem e Shay’tan haviam jogado xadrez para resolver suas diferenças, e se isso não funcionava, eles reuniam seus exércitos e iam para a guerra. Nenhum tinha sido capaz de ganhar o domínio sobre a galáxia até que, um dia, o maior general de Hashem se rebelou. Declarando-se o líder de um ‘Terceiro Imperio’, Shemijaza havia capturado uma série de planetas perto demais da fronteira do velho dragão para suprimi-lo sem acender uma guerra intergaláctica. Com o Império Sata’anico mordiscando sua Aliança Galáctica, a última coisa que Hashem precisava era de uma guerra civil!
Cabelos negros e asas negras, com olhos tão azuis que eram da cor do céu de Haven, Hashem achou que seria uma ideia genial enviar a bela Asherah de voz suave para seduzir o líder rebelde a reingressar na Aliança.
“Você devia negociar um tratado!” Hashem a repreendeu. “Não se casar com ele!”
“Era a única maneira de ele assinar!”
Hashem caminhou.
“Eu não posso deixar o Terceiro Império ganhar legitimidade permitindo que Shemijaza produza um herdeiro!”
Asherah respirava de forma rápida e rasa conforme suas contrações se intensificavam.
“Eu sou uma serafim,” ela implorou. “Quando nós consumamos nosso casamento, a minha vida ficou atrelada a dele.”
“Você é só metade-serafim,” Hashem a corrigiu. “Você pode sobreviver se assim escolher, o que você demonstrou vindo aqui!”
“Shemijaza tinha razão!” Asherah agarrou sua barriga. “A nossa espécie será extinta, mas o senhor não faz nada para nos ajudar!”
Os cabelos rebeldes e brancos de Hashem saltaram para fora, mas ele reprimiu o relâmpago e o forçou, inofensivamente, a baixar. Não era culpa dela, em trabalho de parto, se ela desabafou terríveis verdades que o fariam ceifar qualquer outro mortal. O que um dia fora um símbolo de seu brilhantismo, a habilidade de entrelaçar formas de vida discrepantes, em vez disso, havia se tornado um monumento à sua própria incompetência. Os genes que carregavam os traços animais de seu exército eram recessivos. Para mantê-los, ele fora forçado a fazer o endocruzamento deles até que eles tivessem perdido a habilidade de se reproduzir. Agora, nada; nem seus poderes ascendidos, nem os melhores métodos de fertilização in vitro, tinha sido capaz de consertar isso.
Mas esse não era o verdadeiro problema…
O verdadeiro problema era terrível demais para admitir…
“O modo como ele fica me superando é brilhante demais,” Hashem deu voz ao seu maior medo. “Com os seus genes, o filho de Shemijaza será ainda mais evoluído geneticamente do que ele.”
“Eu não vi nenhum sacrifício, nenhum poder ascendido,” Asherah disse.
“Não foi isso o que você disse quando você apareceu na minha porta!”
Asherah segurou o gradil da cama quando sua próxima contração se aprofundou num crescendo.
“Shemijaza tem apagões. Dores de cabeça. Ele está doente,” ela disse. “O único mal que eu vejo é um velho deus egoísta que privaria uma criança de seu pai!”
Penas negras voavam por todo lado enquanto ela lutava com o instinto de levantar voo. A criança estava chegando, independentemente de ele desejar ou não que ela exista.
“A cabeça da criança está coroando, vossa majestade” Dephar interrompeu, seu geneticista chefe que estava agindo como parteira.
Asherah jogou a cabeça para trás e gritou o nome de seu marido.
Os gritos dela acordaram alguma coisa que Hashem nunca tinha sentido, será que era pena? Sem palavras para convencê-la de que essa era a coisa certa a se fazer, ele recorreu a algo que ele não tinha feito desde que ele deixara de ser mortal.
“Pegue a minha mão e me deixe ajudá-la a suportar essa dor.”
A mão dele ficou quente onde ela esbarrou na pele dele. Aquilo queimou através dele, acendendo uma necessidade mortal que ele havia esquecido há muito tempo que existia.
Lágrimas correram pelas bochechas dela enquanto ela focava sua atenção internamente, buscando fazer contato através do elo que serafins puro-sangue formavam com seus companheiros.
Asherah era só metade-serafim, mas ele tinha razão para temer que ela tivesse formado o elo que concedia telepatia à espécie dela. Ele havia empreendido um grande esforço para fazer o líder rebelde acreditar que ela estava morta. Se Shemijaza descobrisse que não só Asherah ainda estava viva, mas que ela acabara de lhe gerar um filho, ele destroçaria a Aliança para tê-la de volta. Com Shay’tan sugando seus recursos, não havia maneira de ele resistir a uma guerra em um segundo fronte.
“Deusa!!!” Hashem vociferou para o éter. “Eu não sei como evitar isso!”
O cheiro de ozônio e flores frescas preencheu o laboratório de genética. Eletricidade preencheu o ar quando uma luz dourada se coalesceu numa fêmea alta e delgada com orelhas pontudas e asas diáfanas. ELA raramente descia em forma material porque isso a tornava vulnerável, mas manter essa criança em segredo era preeminente. Aquela-Que-É emboçou uma expressão simpática sobre suas feições cinzeladas e deu um passo à frente para consolar a mãe lamentosa.
“Eu não pediria que você fizesse esse sacrifício se o destino do universo não dependesse disso,” ELA disse. “Ki lhe alertou de que ele estava contaminado quando você cantou a Canção dela para conceber o seu filho, não alertou?”
“Sim,” Asherah soluçou.
Hashem sentiu uma pontada de inveja. Por que um ser mortal havia recebido acesso à Canção da Criação e ele não? Por ninguém menos que Ki? A mãe de Aquela-Que-É?
“Vossa eminência,” Dephar curvou-se em reverência. “A criança está presa no canal de parto.”
“Eu mesma irei entrega-la.” ELA colocou a mão sobre o abdômen inchado de Asherah para eliminar a dor física da serafim. “Empurre, minha filha. Eu desejo conhecer esse príncipe de Tiro.”
A criança deslizou para os braços em espera DELA. Ele não chorou como outras choram ao serem expulsas do ventre de suas mães, mas tentou alcançar o rosto dela enquanto Dephar cortava o cordão umbilical e gorgolejou um som que soou como ‘Inanna.’
Os lábios da deusa se curvaram num sorriso, genuíno desta vez quando ela reconheceu algo no recém-nascido que lhe agradou imensamente.
“Bem-vindo de volta, Lúcifer, Portador da Luz.” ELA relanceou para a serafim soluçante. “Seja grato, jovem príncipe, por essa mortal amar você o bastante para lhe manter escondido do seu -verdadeiro- pai. Tudo-O-Que-É depende de você não cair nas mãos de Moloch.”
ELA estendeu a mão na direção de Asherah para conceder a ela a misericórdia de apagar Shemijaza de sua mente, mas Asherah deu um tapa na mão DELA. Dephar ficou boquiaberto com a audácia da serafim.
“Não jogue os seus jogos de memória comigo!” Asherah silvou. Ela se sentou em seu leito de parto tão régia como uma rainha. “Eu farei conforme pede, mas a alma não esquece! Um dia, Shemijaza e eu nos reuniremos!”
Hashem encolheu-se. Aquela-Que-É pode ser todo-poderosa, mas Asherah entendia as regras do jogo maior que restringia até os deuses antigos como ele. Não sendo geneticamente evoluída o suficiente para alcançar a imortalidade por conta própria, a serafim estava perto demais da perfeição para ser manipulada contra a vontade dela.
“Então que seja.” Aquela-Que-É enrolou o infante num cobertor e o entregou a Hashem. “Você deve proteger esta criança com a sua vida imortal.”
“Sim, vossa eminência.” Hashem curvou-se. “Eu o criarei como se ele fosse meu próprio filho.”
Os olhos da deusa brilharam dourados de poder. Com um adejo de suas asas diáfanas, ELA tremeluziu até deixar o plano material.
Hashem baixou o olhar para a criança que havia acabado de ser colocada sob seus cuidados. O infante tinha as feições faciais delicadas de sua mãe, mas as asas brancas como neve e o cabelo loiro-dourado de seu pai. Em vez de azul, a criança havia herdado os olhos de Shemijaza, prateados como a lua, um retrocesso genético para uma linhagem sanguínea que todos acreditavam estar extinta.
Estrela da Manhã…
Hashem tremeu, muito embora ele tenha há muito tempo evoluído para deixar para trás sua habilidade de sentir frio. Shemijaza o havia ludibriado. Ludibriado Shay’tan. Ludibriado cada criatura da galáxia, incluindo Aquela-Que-É. Asherah havia trazido um alerta de uma nova ameaça fungando no cangote do líder rebelde, uma aterrorizante o suficiente para fazer com que a metade-serafim abandonasse seu parceiro e fugisse.
Estrela da Manhã…
Uma linhagem sanguínea que era ainda mais antiga do que Aquela-Que-É. Que os céus os ajudem se Moloch puser as mãos na prole de Shemijaza!
“Asherah?” Hashem presenteou o infante para a serafim lamentosa. “Seu filho…”
“Vá embora!” Asherah se enrolou em posição fetal. “O senhor o queria, agora o senhor o tem!”
O infante o encarou, seus sinistros olhos prateados cheios de confiança. Não podia ser bom para uma criança ser rejeitada por sua própria mãe. Hashem sabia por seu trabalho como geneticista que a maioria das proles rejeitadas simplesmente definhava e morria.
Estrela da manhã…
A linhagem sanguínea mais bela, aterrorizante e perigosa que um geneticista já pôde estudar.
Ele relanceou ao redor para os artifícios frios e estéreis de seu laboratório de genética. Aquela-Que-É havia dado a -ele- o prêmio, e Shay’tan, e o próprio pai da criança sequer sabiam disso!
Tudo o que ele tinha que fazer era garantir que Moloch jamais descobrisse…
Em breve!
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